"Contado excluído com sucesso da lista telefônica." Foi o que me informou a tela do celular, porém, o que eu queria ver de verdade era: "Contado excluído da memória com sucesso." Porque a memória -local onde guardamos idéias, sensações e impressões adquiridas anteriormente - sempre será um ligar difícil de limpar, todo mundo sabe. Tipo quarto de gente velha, sabe? Onde cada canto há um pedaço de história e experiência de vida, muito importante por sinal.
Não tem jeito. Por mais tranquila que eu esteja e tenha aceitado o fato como um acontecimento comum da vida, vou me lembrar de você. Não necessariamente por toda a vida (Deus me livre) e nem por algumas horas apenas (quem me dera), mas sim.. Por algum tempo, me lembrarei sim.
Já exclui as músicas que me faziam lembrar subitamente de você, e já me livrei do sabonete líquido de fragrância de folhas verdes e Bergamota que, por coincidência, é a mesma essência do teu carro (ou é muito similar, enfim). Também já apaguei nossas conversas e as fotos das tatuagens que achei parecidas com a sua futura, e as que iria te mostrar também.
Enfim, me livrei de tudo que pude! Mas não foi o suficiente. Sempre tem aquele lugar onde costumávamos frequentar, sempre tem as músicas e séries em comum. O teu nome, teu bairro, tua faculdade. Coisas que são ridículas -como você - mas que vem involuntariamente á tona na lembrança.
Talvez eu devesse me acostumar com a banalidade das coisas, com o jeito de como tudo se tornou passageiro. Mas, não vou desistir não. E prefiro viver concordando com o Graciliano Ramos, que um vez escreveu assim:"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões". E digo mais também, concordo com Matheus Rocha, um perfeito neologista, que certo dia (me) escreveu e afirmou: "Tenho plena consciência de que nunca usei ninguém. Nunca quis um passatempo. Nunca fiz ninguém de tapa-buracos para as crateras do meu coração. Sempre reservei espaços úmido àqueles que entraram nessa bagunça do meu peito. E não me arrependo, porque no fim, é isso que importa. O que você deixou de bom na vida de alguém."

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